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Dom Paulo 2Dom Paulo, o amigo do povo

Dom Paulo nasceu no dia 14 de setembro de 1921, em uma colônia de descendentes de alemães, na cidade de Forquilhinha, em Santa Catarina. Filho de Gabriel Arns e Helena Steiner, tinha treze irmãos, entre eles a Dra. Zilda Arns Neumann. A família preservava muito da cultura de seus antepassados no dia a dia, em especial a proximidade com a religião. Desde cedo, as crianças também aprenderam a contribuir com os trabalhos da casa e da lavoura.

Seguindo sua vocação, Dom Paulo foi ordenado sacerdote no dia 30 de novembro de 1945, aos 24 anos, em Petrópolis (RJ), integrante da Ordem dos Frades Menores (OFM). No dia 7 de julho de 1966, recebeu a ordenação episcopal. Em 5 de março de 1973, foi nomeado cardeal pelo então Papa Paulo VI.

Em julho deste ano, a Arquidiocese de São Paulo preparou uma cerimônia em homenagem ao cinquentenário de sua ordenação episcopal, que contou com a presença de familiares, amigos e cerca de 40 bispos e 200 padres. Na ocasião, Dom Paulo recebeu, inclusive, uma mensagem especial enviada pelo Papa Francisco, parabenizando pelo jubileu e reconhecendo sua atuação pastoral em defesa dos direitos humanos.

A semente da Pastoral da Criança

 Dom Paulo Evaristo Arns foi o grande responsável por semear a criação da Pastoral da Criança. Esta semente brotou em 1982, na Suíça, do encontro de Dom Paulo com James Grant, diretor executivo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), durante uma reunião da Organização das Nações Unidas (ONU). Na ocasião, surgiu a proposta de que a Igreja Católica brasileira tivesse uma ação para reduzir a mortalidade infantil. “Fica o nosso grande agradecimento, afinal foi ele que, com James Grunt, trouxe a ideia da Igreja se envolver na questão da sobrevivência infantil. A ideia original foi dele e sempre foi grande o apoio que deu para que a Pastoral da Criança continuasse e se desenvolvesse”, afirma Dr. Nelson Arns Neumann, sobrinho de Dom Paulo e coordenador nacional adjunto da Pastoral da Criança.

Para desenvolver o projeto que seria apresentado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Paulo convidou sua irmã, a médica pediatra e sanitarista Zilda Arns Neumann, contando com o apoio de Dom Geraldo Majella, na época arcebispo de Londrina. O trabalho teve início na Paróquia de São João Batista, em 1983, no município de Florestópolis, Arquidiocese de Londrina, no estado do Paraná. A região foi escolhida por apresentar uma alta taxa de mortalidade infantil – 127 crianças em cada mil nascimentos. Após um ano de atividades, a mortalidade infantil diminuiu para 28 crianças entre cada mil que nasciam.

A influência de Dom Paulo na vida da Dra. Zilda já era de longa data. Na época em que ela estava estudando para o vestibular, contar com o apoio do irmão mais velho foi essencial para não desistir da escolha pela medicina. De início, a família teve dificuldades para aceitar a decisão, pois não era uma profissão comum para mulheres. Mas Dom Paulo ajudou a convencer o pai de que a vocação da irmã não era ser professora, conforme era o desejado. Esta história está apresentada no Museu da Vida, que fica junto à sede da Pastoral da Criança, em Curitiba (PR), a partir de um vídeo que conta com o depoimento de Dom Paulo e é exibido no Memorial Dra. Zilda. Muitas fotos e outras histórias também fazem parte do acervo e podem ser apreciadas no Museu.

Além de toda a sua contribuição para a história da Pastoral da Criança, a vida de Dom Paulo foi marcada por uma série de ações voltadas às populações mais pobres e necessitadas. Durante toda a trajetória na Igreja, foi um exemplo de que os ensinamentos cristãos se concretizam no contato com o povo, pelo viés da solidariedade, buscando a transformação das injustiças sociais. Ele costumava dizer que era que essas transformações aconteçam, é importante cada um se interessar pela política e agir, no sentido de defender os direitos daqueles que mais precisam. O cardeal ficou reconhecido, ainda, pela defesa do ecumenismo, por incentivar o respeito e a união de esforços entre as religiões.

Lembrança

Dom Paulo, que se dedicou durante toda a sua vida ao bem do próximo, faleceu aos 95 anos, no dia 14 de dezembro de 2016, em São Paulo (SP), em decorrência de problemas pulmonares, por conta da idade avançada.

Que esta semente da solidariedade e do cuidado com as crianças possa encontrar terra boa em cada vez mais corações, inspirados pelo exemplo de amor de Dom Paulo Evaristo Arns.

 

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