Você já imaginou visitar um museu e, de repente, reconhecer a foto de uma pessoa com quem conviveu em outro continente? Foi o que aconteceu com Fernando Botto Lamóglia, ao conhecer a exposição Pastoral da Criança em Ação, no dia da inauguração do Museu da Vida, em dezembro de 2014. Seis meses depois, ele voltou ao espaço, trazendo duas peças de roupa que ajudaram a contar essa história.
As camisetas (uma branca e outra verde) têm a estampa de uma foto da Dra. Zilda Arns Neumann com uma criança que foi acompanhada em Angola e hoje mora na Itália. “Aquela menina é um exemplo das vidas que a Pastoral da Criança conseguiu salvar. Ficou para mim a lembrança dos encontros anteriores e a chama acesa do amor ao próximo”, conta Fernando, que a conheceu quando morou na África.
Homenagem à Dra. Zilda
A foto que reúne diversos voluntários angolanos (que ilustra um painel sobre a Pastoral da Criança Internacional, no Museu da Vida) registra uma homenagem póstuma à fundadora da Pastoral da Criança. As camisetas que aparecem na imagem foram utilizadas em uma missa realizada no dia 13 de março de 2010, na Igreja Sagrada Família, em Luanda, capital angolana. E agora, duas delas fazem parte do acervo do Museu da Vida.
“Foram centenas de pessoas que participaram da solenidade e muita gente discursou sobre o seu legado. Angola ainda apresenta o segundo maior índice de mortalidade infantil do mundo e os trabalhos da Pastoral da Criança lá desenvolvidos são de valor humano inestimável. Tenho a convicção de que, quando cada criança que foi cuidada pela Pastoral olha para o céu, reflete, em seus olhos, o brilho e o amor incondicional que emanavam das palavras e das ações da Dra. Zilda, essa brasileira notável que sonhou e que ajudou a construir um mundo melhor”, relata Fernando, que participou deste momento histórico.
De Curitiba para Angola
Fernando Botto Lamóglia nasceu em Curitiba, capital paranaense. É psicólogo, advogado e consultor organizacional. Morou seis anos no exterior, cinco deles em Luanda, onde trabalhou como educador, consultor do Ministério da Comunicação Social (do governo angolano) e executivo de empresas. No dia que desembarcou da viagem de ida, teve uma grande tempestade, deixando várias pessoas ilhadas em suas casas. “Aquilo me despertou o desejo de fazer algo a mais naquele país”, afirma no blog em que registra algumas destas experiências.
Motivado por este impacto inicial, o profissional conheceu duas religiosas – Ir. Joceli e Ir. Isabel – que lhe convidaram a realizar palestras e participar de projetos da Pastoral da Família e da Pastoral da Criança. O contato com as famílias africanas foi um grande aprendizado. “Numa das vezes, falei para um grupo de zungueiras, que são aquelas senhoras que colocam produtos em bacias transportadas sobre a cabeça, e notei no final do encontro que elas não haviam compreendido quase nenhuma palavra que eu falei, mas mesmo assim elas permaneceram ali, atentas e interessadas até o último momento. Não era o conteúdo do que estava sendo dito, mas o contato humano que fez surgir a compreensão que está além das palavras: a compreensão do amor que a Dra. Zilda tanto falava”, recorda.
Lembranças despertadas durante a visita ao Museu da Vida
Ao descrever o que sentiu ao visitar o Museu e compartilhar suas histórias de como se aproximou do voluntariado e da Pastoral da Criança, Fernando escreveu:
“O que mais me chamou a atenção no Museu da Vida foi encontrar a sala onde a Dra. Zilda despachava, do jeitinho que ela deixou quando fez a sua última viagem. Na visita, tive a oportunidade de confeccionar a minha bonequinha de pano e de ouvir a história de que a origem da técnica remontava à história das mães que rasgavam a própria roupa para criar um brinquedo para as crianças nos porões dos navios que traficavam escravos [lenda sobre as bonecas abayomis].
Quando visitei o Museu da Vida e identifiquei a camiseta que tinha a imagem da Dra. Zilda com a Maria Clara nos braços, eu me emocionei. Foi um encontro absolutamente inesperado e que me fez me aproximar da imagem. Fui tocado por ela e meus pensamentos foram imediatamente absorvidos para resgatar os momentos no Roque Santeiro, junto das simpáticas Irmãs Franciscanas”.
Quer saber qual foi a foto que despertou tudo isso? Venha visitar o Museu da Vida para descobrir e também contar o que mais chamou a sua atenção.