Crianças e famílias na Rua do Brincar, em dia de Celebração da Vida no Museu
Há quem diga que as crianças de hoje nascem sabendo lidar com a tecnologia. Ainda pequenas, muitas vezes, elas já têm contato com celulares e computadores da família, o que as faz estarem cada vez mais habituadas com o mundo digital. E isso não tem problema nenhum, desde que não atrapalhe a interação da criança com outros objetos e pessoas, afirmam especialistas.
Na Pastoral da Criança, por exemplo, as crianças são motivadas a criar seus próprios brinquedos e relacionar-se com as demais. Um exemplo disso são as Celebrações da Vida, nas quais as crianças são estimuladas a brincarem umas com as outras enquanto não estão sendo pesadas, ou enquanto os líderes conversam com os pais. Mas isso não impede de reconhecer a importância e o convívio diário das crianças com a tecnologia.
Em uma Celebração da Vida especial, realizada no Museu da Vida, em Curitiba (PR), os líderes solicitaram que a equipe trabalhasse o assunto com os responsáveis pelas crianças. Segundo a Irmã Veroni Medeiros, assessora técnica na Coordenação Nacional da Pastoral da Criança, voltada à área de desenvolvimento infantil, além de tratar da importância de dedicar um tempo para cada coisa, como, por exemplo, para assistir televisão e outro para se divertir, essa foi uma boa oportunidade para dar um novo olhar aos pais sobre o brincar em família. “Falamos do tempo livre que as mães e os pais devem separar para brincar com estar crianças, como uma tarde no sábado ou no domingo”.
Dra. Zilda
“A criança tem direito de brincar, que é fundamental para se desenvolver bem; tem direito de ser bem tratada onde estiver, com o maior respeito pela família e na comunidade”.
Papa Francisco
"O primeiro gesto de comunicação é buscar a amizade. Se vocês falam bem entre vocês, se sorriem e se aproximam como irmãos; se vocês estão perto um do outro, mesmo que sejam de diferentes tribos; e, se vocês estiverem perto daqueles que precisam, do pobre, do doente, do abandonado, do idoso a quem ninguém visita, esses gestos de comunicação são mais contagiosos do que qualquer rede de televisão”.
Oportunidade para os líderes
No Museu da Vida, por exemplo, a tentativa é que a interatividade das novas tecnologias estejam ao lado da interação dos brinquedos, estes últimos, em sua maioria, reciclados. Se em uma exposição os visitantes podem clicar nas telas sensíveis ao toque e obter novas informações, em outra, eles têm a oportunidade de soltar a criatividade em uma sala totalmente dedicada aos mais diversos brinquedos e brincadeiras.
Para a Irmã Veroni, é preciso saber dosar o interesse e a facilidade que os pequenos têm com as novas tecnologias, com as brincadeiras que utilizam a movimentação do corpo. “As crianças têm muito interesse por tablet, celular e elas são rápidas para entender estes mecanismos e fazer uso deles, às vezes até mais que os adultos, mas é fundamental elas brincarem e utilizarem o corpo, porque a expressão corporal faz parte do desenvolvimento da criança”, explica.
Por este motivo, a conversa com os responsáveis durante a Celebração da Vida no Museu da Vida relembrou a importância da recreação em família. Ela conta que se surpreendeu ao perceber que os presentes não percebiam a relevância de brincar mais próximos aos filhos, resgatando brincadeiras de sua época, por exemplo. “Algumas mães falaram que isso [as brincadeiras propostas] eram atividades que faziam quando meninas. Então questionei: e por que não recuperar?”, relata. Após a visita, todos puderam experienciar a proposta na Rua do Brincar.
Professor Vital Didonet, assessor da Rede Nacional da Primeira Infância, especialista em educação infantil e direitos da criança, acredita que os voluntários têm uma oportunidade única de abordar o tema com as famílias. “Os líderes da Pastoral da Criança têm que tratar com os pais esse tema, para que eles tenham oportunidade de expor também suas dúvidas, que dificuldades apresentam”, indica. E se o líder tem dúvidas? O caminho é sempre conversar e trocar experiências. Quem sabe a resposta não esteja no voluntário ao lado.
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