1504-as-criancas-e-a-tecnologia-entrevista

Foto: Acervo da Pastoral da Criança

As famílias vivem na era da tecnologia e às vezes vemos crianças que ainda não sabem abotoar os botões do casaco, amarrar os tênis, jogar peteca ou pular corda, mas já desenvolveram as habilidades de navegar na internet, usando muito bem smartphones ou tablets. Será que esse mergulho tão precoce no mundo das tecnologias trará benefícios para a infância? Como as famílias devem orientar e acompanhar suas crianças? Sabemos que é impossível imaginar uma infância livre do acesso às tecnologias, mas podemos recomendar limites na utilização dessas tecnologias, bem como a maneira com que as crianças deveriam interagir com todas essas telas ao seu alcance. Para falar sobre esse assunto, convidamos Dra. Ida Regina Moro Miléo de Mendonça, psicóloga, professora e doutora em educação.

Quais são as tecnologias que as crianças têm mais acesso, hoje?

De forma mais cotidiana, crianças têm acesso aos celulares dos seus pais e aos tablets. No Brasil há estudos que indicam que 97% das crianças, com idade entre 6 e 9 anos, já utilizam a internet e que 54% já tem perfil em rede social, como o facebook e instagram.

Viva a VidaPrograma de rádio Viva a Vida
1504 - Crianças e tecnologia - 20/07/2020


Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra

       

Do ponto de vista do desenvolvimento infantil, que benefícios as novas tecnologias trazem para as crianças?

As novas tecnologias podem ser excelentes aliadas no desenvolvimento da criança, desde que o seu acesso seja mediado de forma consciente e responsável pelos adultos. As novas tecnologias na vida das crianças podem potencializar a aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo, porque permitem que a criança não seja mera espectadora da sua aprendizagem. A criança não se limita a ver, pode interagir e compreender os efeitos da sua interação e receber uma estimulação multifacetada. Mas, para que as novas tecnologias sejam grandes aliadas da aprendizagem, a sua utilização deve ser monitorada de perto por pais, professores e educadores. Utilizada de forma correta, a tecnologia pode estimular a leitura, aumentar o vocabulário, despertar a curiosidade sobre o mundo, aprender a qualquer hora e em qualquer lugar e possibilitar uma permanente aprendizagem dentro e fora da escola.

Mas que prejuízos essas tecnologias podem também trazer às crianças?

O problema acontece quando a criança substitui os hábitos tradicionais de interação física com as outras pessoas e o meio ambiente pela interação exclusiva com os dispositivos eletrônicos. Há especialistas que consideram o uso da tecnologia por menores de 12 anos prejudicial para o desenvolvimento e aprendizado. A super exposição das crianças com smartphones, tablets, redes sociais, assim como jogos, podem causar déficit de atenção, impulsividade, problemas para lidar com raiva, atrasos cognitivos e dificuldades de aprendizado. Além disso, problemas com obesidade, pela falta de atividade física.

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Foto: Dra. Ida Regina Moro Miléo de Mendonça, psicóloga, professora e doutora em educação.

Qual é o papel da família no uso da tecnologia pelas crianças?

A melhor alternativa é mostrar a importância de conviver com as novidades tecnológicas e os benefícios que elas representam na sociedade atual.
Os filhos seguem os exemplos dos pais. Os pais precisam estabelecer regras e tempo determinado para o uso de mídias tecnológicas para os pequenos. Para que haja equilíbrio, todos os integrantes da família terão que determinar horários para ficar em frente às telinhas.

Quais são as suas orientações para o uso correto das tecnologias na primeira infância?

As crianças de hoje têm acesso desde o nascimento às possibilidades tecnológicas. O que se precisa fazer é que sua utilização traga benefícios ao processo de desenvolvimento e aprendizagem integral da criança. Para isso, há três pontos fundamentais: limitar o tempo de acesso; qualificar este acesso; e integrar com outras possibilidades lúdicas.

Leia a entrevista na íntegra: 1504 - As crianças e a tecnologia (.PDF)

   

Dra. Zilda

“A criança tem direito de brincar, que é fundamental para se desenvolver bem; tem direito de ser bem tratada onde estiver, com o maior respeito pela família e na comunidade. A criança que é respeitada aprende a respeitar e se torna cidadã, isto é, aquela pessoa que cumpre com suas obrigações e procura que seus direitos sejam cumpridos.”

Papa Francisco

“A família permanece a unidade basilar da sociedade e a primeira escola onde as crianças aprendem os valores humanos, espirituais e morais que as tornam capazes de ser faróis de bondade, integridade e justiça nas nossas comunidades.”


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