Sete anos depois de um dos terremotos que mais devastou o Haiti e vitimou a Dra. Zilda Arns Neumann, uma delegação brasileira embarcou para o país para celebrar os resultados já conquistados por meio de um projeto de cooperação internacional. Brasil, Cuba e Haiti se uniram e, em resposta à tragédia, veio o sentimento de solidariedade e a partilha de conhecimento e investimentos.
A viagem aconteceu nos dias 22 e 23 de junho. Participaram das atividades autoridades e técnicos dos Ministérios da Saúde do Brasil, do Haiti, de Cuba; do Ministério das Relações Exteriores; das Nações Unidas; da Pastoral da Criança do Brasil e do Haiti. Estavam na viagem o ministro da saúde, Ricardo Barros; o ministro de desenvolvimento social, Osmar Terra; o arcebispo de Maringá e presidente do Conselho Diretor da Pastoral da Criança, Dom Anuar Battisti; e o filho da Dra. Zilda, coordenador nacional adjunto e coordenador da Pastoral da Criança Internacional (PCI), Dr. Nelson Arns Neumann.
Cooperação internacional
Após o terremoto que levou a vida de centenas de milhares de pessoas, em 2010, o governo brasileiro empreendeu medidas imediatas de cooperação humanitária e aprovou crédito extraordinário correspondente, na época, a mais de 70 milhões de dólares para a execução de projetos na área da saúde no Haiti.
Em março de 2010, foi assinado um Memorando de Entendimento entre Brasil, Cuba e Haiti, a fim de desenvolver ações para o fortalecimento da autoridade sanitária haitiana. Essa parceria resultou, entre outras iniciativas, na construção de três hospitais (nas regiões de Bon Repos, Bedeut e Carrefour) e de três depósitos para armazenagem de vacinas, na formação de profissionais de saúde e na reforma de laboratórios públicos.
Cerimônia de batismo do Hospital Dra. Zilda Arns
Como símbolo da cooperação e dos laços de amizade que unem estes países, o Ministério da Saúde brasileiro realizou proposta, gentilmente aceita pelo governo haitiano, de nomear o atual Hospital Bon Repos, construído e mantido com recursos brasileiros, com o nome da fundadora da Pastoral da Criança – cujos feitos em prol da vida das crianças lhe renderam três indicações para o prêmio Nobel.
O hospital já está funcionando, atendendo diariamente cerca de 200 pessoas. No dia 23 de junho, ele foi reinaugurado, com a cerimônia de batismo como Hospital Comunitário de Referência Dra. Zilda Arns.
Além da delegação brasileira, estavam presentes as seguintes autoridades: Jack Guy Lafontant, primeiro ministro da República do Haiti; Marie Gréta Roy Clément, ministra da saúde pública e da população do Haiti; Fernando de Melo Vidal, embaixador do Brasil no Haiti; Evelio Betancourt, coordenador da Brigada Médica de Cuba no Haiti; Niky Fabiancic, coordenador residente do Sistema ONU no Brasil; Luis Felipe Codina, representante residente da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Haiti; Suelma Rosa, coordenadora regional para América Latina e Caribe do Escritório da ONU para Projetos e Serviços (UNOPS); Deputada Bruna Furlan, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados; e Padre Honoré Eugur, coordenador da Pastoral da Criança na Diocese de Porto Príncipe (representando também o arcebispo de Porto Príncipe, Dom Guire Poulard).
Pastoral da Criança no Haiti: uma história de superação e esperança
Apesar da tragédia de 2010, o projeto da PCI teve continuidade no Haiti, com foco nas crianças que mais precisavam de atenção. Hoje, a Pastoral da Criança está presente em três dioceses: Fort Liberté (na costa nordeste), Porto Príncipe (no sudoeste do país, onde está situada a capital) e Hinche (região central).
Sete paróquias já possuem equipes capacitadas para colocar em prática a metodologia de ações simples e replicáveis que tanto fazem sucesso no Brasil. Juntas, as equipes das três dioceses fecharam o ano de 2016 acompanhando 4.964 crianças de zero a seis anos, 387 gestantes e 3.708 famílias. Atualmente, são 269 voluntários, sendo 223 líderes, que atuam diretamente nas comunidades. E a vontade é de expandir cada vez mais, em busca da vida plena para todas as crianças.