A exposição 1000 Dias é dividida de forma cronológica, desde a concepção até os dois anos de vida. Em cada período, há espaços interativos e cheios de informação que farão o visitante se divertir e compreender melhor a magnitude dos primeiros 1000 dias de vida.
A gestação
Nesse período, que compreende os primeiros 270 dias, é possível ter acesso a informações sobre os principais cuidados durante a gravidez e os riscos da falta deles para a mãe e para o bebê.
Quando uma mulher decide engravidar, existem cuidados importantes que ela deve tomar para garantir a sua própria saúde e a do bebê. O ápice da vida fértil da mulher é a entre 18 e 28 anos, de forma que esse é o período mais seguro para ocorrer a gestação.
O desenvolvimento e o crescimento do bebê também depende tanto da alimentação atual da mãe quanto das reservas alimentares dos meses anteriores à concepção. Confira alguns cuidados que a mãe deve ter nessa preparação:
- Ter uma alimentação saudável, baseada em frutas, hortaliças, cereais, leguminosas, carnes, leite e derivados, evitando alimentos ricos em gorduras, açúcares e sal.
- Estar com o peso adequado. Tanto o excesso quanto o baixo peso é prejudicial para a gestação.
- Fazer uso do suplemento de ácido fólico por, pelo menos, 30 dias antes da data em que deseja engravidar.
- Não consumir bebidas alcoólicas e não fazer uso de cigarro ou outras drogas.
Microscópios
Na parte inicial da exposição há três microscópios cenográficos nos quais é possível ver um pequeno filme sobre o desenvolvimento fetal. É a oportunidade de contemplar a excelência da natureza na formação do corpo humano a partir de células microscópicas.
Na parede próxima o visitante pode se informar sobre o que a falta de cuidados durante a gestação pode provocar no bebê, especialmente no que se refere ao baixo peso ao nascer.
Um bebê de baixo peso é aquele que nasce com menos de 2.500 gramas, condição essa que, segundo estudos, pode trazer riscos para toda a vida dele, principalmente relacionados às chamadas doenças crônicas.
David Barker, médico e pesquisador na Inglaterra, no ano de 1989, lançou a hipótese de que muitas doenças que apareciam na vida adulta eram decorrentes de problemas ocorridos na gestação, especialmente o que ele chamou de desnutrição no útero. Essa desnutrição leva ao nascimento de bebês com baixo peso, os quais apresentam maior risco de doenças crônicas, tais como: obesidade, diabetes, pressão alta, osteoporose, doenças renais e cardíacas.
Portanto, conhecer causas do baixo peso é fundamental para a prevenção:
- Fome materna: falta de acesso à comida ou “medo” de engordar.
- Pressão alta, diabetes, anemia e infecções na gestante: podem ocasionar também nascimentos prematuros e abortos.
- Uso de cigarro e outras drogas durante a gestação: prejudica o desenvolvimento do bebê, podendo levar a conseqüências irreversíveis.
- Mulher ter filhos depois dos 28anos de idade: há maior risco de nascimento de bebês prematuros.
- Programar cesariana sem necessidade: além do risco de baixo peso, crianças nascidas duas semanas antes da hora, por exemplo, têm mais chances de desenvolver problemas respiratórios agudos. As cesarianas acarretam quatro vezes mais infecção no pós-parto e três vezes mais doenças e mortes maternas.
Saiba mais em: 1000 DIAS
Referências:
Lawlor D. A. et al. Mechanisms underlying the associations of maternal age with adverse perinatal outcomes: a sibling study of 264695 Danish women and their firstborn offspring.
Portal da Saúde (2012) e Gestação de Alto Risco / Secretaria de Políticas, Área Técnica da Saúde da Mulher. Brasília : Ministério da Saúde, 2000.
Barker, David. Nutrition in the womb. The Barker Foundation. 2008.
Barker DJ, Winter PD, Osmond C, Margetts B, Simmonds SJ. Weight in infancy and death from ischaemic heart disease. Lancet. 1989;2:577–80.
Barker DJP, ed. Fetal and infant origins of adult disease.London:BMJ Books,1992. - Paneth N, Susser M. Early origin of coronary heart disease (the ‘Barker hypothesis’). BMJ 1995; 310:411–12.
Gestantes
Próximo aos microscópios, os visitantes encontram três cabines interativas com ilustrações de quatro momentos distintos da gestação de uma mulher (tamanho natural de corpo humano): primeiras semanas, 3 meses, 7 meses e 9 meses. A barriga é o único elemento tridimensional, com tamanho proporcional ao período de gestação. É possível ouvir a história da gestação de cada mulher contada por ela e pelo bebê, e aprender que muitos fatores interferem no desenvolvimento de uma gravidez.
Cada gestante tem uma condição diferente em relação ao estado nutricional, aos hábitos de vida e alimentação, e todos esses fatores interferem positiva ou negativamente na gestação.
Quando está acima do peso ao engravidar, a mulher apresenta mais riscos de desenvolver diabetes gestacional, hipertensão arterial,
pré-eclampsia e outros problemas decorrentes do excesso de peso, principalmente se não tiver um bom acompanhamento pré-natal, não cuidar da alimentação e dos hábitos de vida. O bebê também corre o risco de nascer com o peso muito alto para o esperado.
A mulher que é muito magra, ou seja, com baixo peso, também apresenta mais riscos durante a gestação, como anemia ferropriva, parto prematuro, desnutrição intrauterina e o bebê pode nascer com baixo peso.
Para prevenir e evitar qualquer problema, é necessário um acompanhamento pré-natal regular e adequado, o consumo de uma alimentação saudável, equilibrada e variada e bons hábitos de vida, como praticar atividade física e não consumir bebidas alcoólicas e fazer uso de cigarro ou outras drogas.
Os líderes da Pastoral da Criança compartilham essas orientações com as milhares de famílias que acompanham em todo o Brasil.
Barriga
Os visitantes também podem ter a oportunidade de experimentar o peso e o tamanho de uma barriga no final da gravidez. É só vestir a barriga de silicone e ter a sensação de “ficar grávida” por uma vez.
Para confeccionar essa barriga, foram levadas em consideração algumas estimativas relacionadas ao peso médio que a gestante apresenta ao final da gestação e o tamanho médio da barriga, avaliado por meio da medida da altura uterina.
Desse modo, a barriga tem aproximadamente 33 cm, considerando a gestante deitada, e aproximadamente 6,5 kg. Para chegar a esse peso consideramos que:
- Ao nascer, o bebê vai pesar em torno de 3,3 kg.
- O útero cresce bastante e passa a pesar 900g ou mais.
- A placenta, que nutre o bebê, pesa em torno de 700g.
- O volume extra de sangue que circula no seu corpo pesa em torno 1,2 kg. Consideramos ¼ desse valor no peso da barriga (300g).
- Há acúmulo de líquido no organismo, além do líquido amniótico, num total médio de 2 kg. Consideramos ⅔ desse valor para o peso da barriga (1,3kg).
Línea Negra
Você sabia? Ao longo da gravidez, pode aparecer na barriga das gestante a chamada linea nigra, que é uma linha escura que vai do umbigo até a parte abaixo da barriga. Essa maior pigmentação da área é normal e provavelmente ocorre devido às alterações hormonais. Após o parto tende a desaparecer.
Atenção: Se preparar para a gestação é o primeiro passo para garantir a saúde de seu bebê!
Referências:
Ministério da Saúde. Caderno de Atenção Básica 32 - Atenção ao pré-natal de baixo risco.2013.
Pastoral da Criança. Guia do Líder. 17ªed. 2017.
Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica - ABESO. Ganho de peso na gestação.
Elling SV, Powell FC. Physiological changes in the skin during pregnancy. Clin Dermatol. 1997;15(1):35-43. Review.
Parto
Chega o momento dos pais conhecerem o bebê: o parto. Essa parte da exposição convida os visitantes a refletirem sobre a forma como nossas crianças estão vindo ao mundo hoje em dia. Tem como objetivo sensibilizar, informar e esclarecer aspectos relevantes sobre o parto normal e a cesárea, de forma lúdica e didática.
Os visitantes, especialmente as crianças, podem passar por um túnel acarpetado, de cerdas altas e de cor vermelha, para simular o “caminho” que o bebê percorre durante o parto. Na metade do túnel há uma outra saída, que simboliza a cesariana. Na parte frontal do túnel há diversas portas redondas e alguns nichos com vidro, também redondos. Dentro deles estarão as bonecas grávidas, as quais as crianças podem brincar de fazer o parto e colocar o bebê para mamar logo após o nascimento. Assim as crianças já aprendem que essas primeiras mamadas protegem o bebê de problemas nos olhos, aumentam sua imunidade e contribuem para a mãe manter o aleitamento materno.
Também é possível assistir trechos do documentário “Renascimento do parto” que apresenta de forma esclarecedora e envolvente aspectos relevantes do nascimento atualmente, e promove o incentivo ao parto humanizado.
A Pastoral da Criança apoia e incentiva o parto normal, pois é a melhor opção para a mãe e para o bebê. Ao nascer de parto normal, o bebê está preparado para viver fora do útero. Seus pulmões estão prontos para conseguir respirar sozinho, é mais ativo e tem mais força e vontade para mamar o colostro já nos primeiros 20 minutos de vida. A mãe sente menos dor depois do parto e se recupera muito mais rápido. A cesariana só deve ocorrer em situações em que a saúde da mãe ou do bebê esteja em risco.
Informar-se sobre o processo de parto ajuda a mulher a se sentir mais segura neste momento de sua vida.
Apesar dos benefícios do parto normal, no Brasil ocorre hoje uma epidemia de cesáreas. A exposição apresenta esses dados e disponibiliza informações sobre as vantagens do parto normal em relação à cesariana.
Lembrando que a cesariana é uma cirurgia que pode gerar problemas para a mãe e para o bebê. Esse procedimento só deveria ser usado quando há risco de complicações e de morte. Entretanto, a cesárea agendada, em gestantes que não apresentam riscos, é o tipo de parto realizado com maior frequência no Brasil. Nesses casos a mulher não entrou em trabalho de parto e o bebê não está pronto para nascer. O nascimento precoce gera riscos para ele.
Alguns dados e informações importantes:
- De acordo com o Ministério de Saúde, 52% dos partos realizados no país são cesáreas, muito acima da média mundial (18%) e da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 15%.
- No setor privado, que inclui os planos de saúde, mais de 80% dos partos são realizados por meio de cesariana.
- Pesquisas indicam que bebês nascidos duas semanas antes da hora têm mais chances de desenvolver problemas respiratórios agudos e, por consequência, de precisar de cuidados em UTI.
- Para as mulheres, a cesariana aumenta o risco de hemorragia e infecções, podendo levar à morte.
- A pesquisa Nascer no Brasil, que entrevistou mais de 20 mil mulheres em maternidades e hospitais de todo o país, mostrou que a preferência pela cesariana aumentou, mas a maioria delas desejava ter parto normal no início da gestação. As
- mulheres com melhores condições socioeconômicas e acesso ao serviço de pré-natal de qualidade foram as que apresentaram maiores proporções de preferência pela cesariana, sem qualquer relação com a ocorrência de problemas na gravidez. Essa situação indica que fatores não relacionados a riscos na gestação estão influenciando a decisão pelo tipo de parto.
- O parto normal, do lado oposto, assegura que o bebê está pronto para nascer. A amamentação inicia-se naturalmente, comandada pelos hormônios produzidos durante o trabalho de parto.
- No parto normal, a mulher se recupera de forma mais rápida e tem mais facilidade de cuidar do bebê.
- Algumas mulheres têm medo do parto normal, muitas vezes, por falta de conhecimento, tabus ou preconceito. Em muitos casos, as vantagens desse tipo de parto não são devidamente esclarecidas durante o pré-natal e a decisão da mulher acaba por acontecer sem todo o conhecimento necessário.
- Hoje em dia há técnicas de amenização da dor e cuidados médicos que possibilitam às mulheres optarem pelo parto normal com maior segurança e tranquilidade. A mesma anestesia usada na cesárea pode ser usada no parto normal.
- É sempre importante perguntar a profissionais capacitados sobre as principais dúvidas sobre o trabalho de parto e o parto normal. E se é da vontade da mulher optar por esse tipo de parto, quando se tem uma gestação sem riscos, sua decisão deve ser respeitada.
É preciso disseminar informações esclarecedoras sobre os benefício do parto normal e os efeitos negativos da cesariana para a população, em especial para os casais em idade fértil.
Acesse todos os dados da pesquisa Nascer no Brasil. O estudo foi coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), tendo contemplado 266 maternidades com 500 ou mais partos por ano, as quais representam cerca de 80% dos partos ocorridos no país. Foram visitados 191 municípios e 23.940 mulheres foram entrevistadas entre fevereiro de 2011 e outubro de 2012.
Atenção: “Para mudar o mundo, primeiro é preciso mudar a forma de nascer.” Michel Odent, médico, um dos precursores do parto humanizado.
Referências:
Departamento de informática do SUS- Sistema Único de Saúde.
WHO – World Health Organization. The Global Numbers and Costs of Additionally Needed and Unnecessary Caesarean Sections Performed per Year: Overuse as a Barrier to Universal Coverage. World Health Report (2010).
Domingues, RMSM; Dias, MAB; Pereira, MN; Torres, JÁ; d´Orsi, E; Pereira, APE; Schilithz, AOC; Leal, MC. Processo de decisão pelo tipo de parto no Brasil: da preferência inicial das mulheres à via de parto final. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30 Sup: S101-S116, 2014.
1º e 2º anos de vida
Chegou a hora de conhecer e entender melhor essa fase da vida: os primeiros anos do bebê. Nesse momento a exposição apresenta os principais e mais relevantes cuidados para que ele se desenvolva bem e com saúde.
Quarto do bebê
Semelhante a um quarto de bebê, o espaço circular fica no meio da exposição e apresenta, na parte externa: fotografias de bebês e suas famílias, e na parte interna: a representação de um quarto de bebê. Há um berço, uma poltrona para amamentação, um tapete redondo e alguns puffs.
O objetivo do quarto é apresentar ao visitantes a posição mais segura para colocar o bebê para dormir e os benefícios a curto e longo prazo da amamentação.
Berço
Dentro do berço há um bebê feito de tecido, que tem o peso médio de um recém nascido (cerca de 3,300g) e está vestido com tio-top com a frase “Este lado para cima”, da campanha da Pastoral da Criança: “Dormir de barriga para cima é mais seguro”.
Você sabia que a posição mais segura para um bebê dormir é de barriga para cima? Pode acreditar. Essa posição reduz em 70% o risco de morte súbita, que é aquela que acontece de maneira inesperada, quando o bebê está dormindo, e não tem explicação aparente.
Outras orientações importantes para evitar a morte súbita são:
- Dar somente leite materno ao bebê até o sexto mês.
- Não fumar perto do bebê.
- Não agasalhar demais o bebê.
- Deixar fora do berço travesseiros, brinquedos, almofadas e outros objetos fofos.
Poltrona
Os visitantes também podem ter a experiência de amamentar ao se sentar na poltrona, colocar um sutiã com seios falsos e por o bebê de pano para mamar (a boca do bebê encaixa nos seios). Ao lado da poltrona há um tablet com vídeo sobre amamentação, produzido pelo Ministério da Saúde,
que apresenta os benefícios do leite materno, as principais dúvidas e mitos, os problemas mais comuns e qual a solução para eles. Cada visitante pode assistir o vídeo ao mesmo tempo que “amamenta” o bebê de pano.
Outro objetivo importante da poltrona é estimular as mães a amamentarem seus bebês durante a visita a exposição. A Pastoral da Criança e o Museu da Vida apoiam a amamentação em público, assim como o Papa Francisco "Vocês, mães, devem dar o peito [em público], sem medo, em toda simplicidade. Como a Maria amamentava Jesus."
O incentivo ao aleitamento materno é uma das prioridades dos líderes da Pastoral da Criança, pois é a melhor opção de alimento para o bebê.
preciso apoiar as mães no período da amamentação, pois uma relação de afeto deve ser construída entre todos os familiares e a nova criança. A amamentação ao seio, um olhar carinhoso, palavras suaves, toques delicados e aconchego no colo dos pais fazem ele se sentir amado e protegido.
A recomendação da Organização Mundial da Saúde e seguida pelo Ministério da Saúde do Brasil é que o bebê seja amamentado até os dois anos ou mais, sendo que nos primeiros seis meses deve receber somente leite materno.
Em 2013, a Organização Mundial da Saúde resolveu fazer grande revisão sobre os benefícios do leite materno. Vários estudos mostraram que ser amamentado no peito protege o bebê de diarreia e de infecções respiratórias.
A diarreia é muito perigosa para os bebês e ainda permanece como uma das principais causas de morte entre crianças menores de cinco anos. Só em 2010, estima-se que causou a morte de cerca de 800 mil crianças em todo o mundo.
Alguns componentes do leite materno conferem diferentes tipos de proteção contra a diarreia. Os oligossacarídeos fazem um bloqueio no
intestino do bebê impedindo que microrganismos perigosos se fixem e provoquem infecções. Os anticorpos conferem imunidade, protegendo o bebê dessas mesmas infecções. A lactoferrina, uma das principais proteínas do leite materno, pode destruir microrganismos ruins, reduzir a atividade inflamatória e aumentar a atividade do sistema imune.
A criança que não é amamentada ao seio é mais exposta a microorganismos que podem causar diarreia. Os alimentos oferecidos a ela e os utensílios utilizados podem estar contaminados e a baixa maturidade do seu organismo favorece o agravamento do caso, podendo levar á hospitalização e até mesmo a morte.
As infecções respiratórias também são uma das principais causas de morte entre crianças menores de cinco anos. Em todo o mundo, mais de um milhão e trezentas mil mortes de crianças foram causadas por pneumonia em 2010.
O aleitamento materno é um importante fator que contribui para a prevenção das infecções respiratórias, de acordo com revisão da Organização Mundial da Saúde (2013). Ele contém células de defesa (anticorpos) que passam da mãe para o filho e que ajudam a estimular e melhorar seu sistema imunológico. Além disso, o leite materno é rico em nutrientes que fortalecem o organismo da criança, reduzindo o risco de desnutrição e infecções.
Além de todos os benefícios em curto prazo do leite materno, diversos estudos mostraram que estes se estendem até a vida adulta. Crianças que mamaram no peito carregam os benefícios durante toda sua vida.
Outra revisão da Organização Mundial da Saúde (OMS), também no ano de 2013, concluiu que o leite materno pode exercer efeito protetor contra a obesidade na vida adulta e ainda ajudar a aumentar a inteligência dessas pessoas.
Em relação a obesidade, a proteção do leite materno na idade adulta
pode ser explicada por alguns mecanismos:
- Bebês amamentados ao seio consomem menor quantidade de proteína do que bebês que recebem outro tipo de leite. O maior consumo de proteínas no início da vida está associado ao desenvolvimento tardio da obesidade.
- Bebês alimentados com leite materno apresentam diferente resposta hormonal comparados a bebês que recebem outro tipo de leite. Esses últimos bebês apresentam maior resposta da insulina, que pode promover aumento da gordura corporal e das células gordurosas.
Há alguns anos é estudada a relação entre aleitamento materno e desenvolvimento infantil. Em 1929, já foi observado que o leite materno estava associado com Inteligência entre crianças de sete a treze anos.
Em 2015 foi publicada pesquisa da Universidade Federal de Pelotas e da Universidade Católica de Pelotas feita com quase 3.500 recém-nascidos, acompanhados desde o nascimento até os 30 anos. Tal pesquisa mostrou que bebês que foram amamentados por mais de um ano têm, aos 30 anos de idade, 3 pontos mais de QI, 10% mais escolaridade e renda 33% maior do que aqueles que mamaram por menos de um mês.
Os mecanismos envolvidos nessa relação podem estar relacionados com a melhor nutrição conferida pelo leite materno, que é rico em nutrientes essenciais para o desenvolvimento do cérebro.
Atenção: O leite materno contribui para a criança ser mais inteligente.
Referências:
Brasil.Ministério da Saúde. Caderno de Atenção Básica nº 23. Saúde da Criança. Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. 2ª ed. 2015. Disponível em:
Horta, BL; Victora, CG. Short-term effects of breastfeeding. A systematic review on the benefits of breastfeeding on diarrhoea and pneumonia mortality. World Health Organization 2013.
Liu L, Johnson HL, Cousens S, Perin J, Scott S, Lawn JE, et al. Global, regional, and national causes of child mortality in 2000–2010: an updated systematic analysis. Lancet. 2012;379:2151–61.
Horta, B; Victora, CG. Long-term effects of breastfeeding. A systematic review. World Health Organization, 2013.
Victora, CA; Horta, BL; Mola, CL; Quevedo, L; Pinheiro, RT; Gigante, DP; Gonçalves, L;
Barros, FC. Association between breastfeeding and intelligence, educational attainment, and income at 30 years of age: a prospective birth cohort study from Brazil. Lancet Glob Health. 2015 Apr; 3(4): e199–e205.
Janela de Oportunidade
Essa parte da exposição tem o objetivo de apresentar aos visitantes as consequências da falta de cuidados nos primeiros anos de vida e sensibilizar da necessidade de colocar a primeira infância como prioridade absoluta em termos de direitos e cuidados. Por isso é chamada de “Janela de Oportunidade”, que significa que esse período é apenas uma fase e que não tem volta, uma janela que se fecha.
Um dos piores problemas que pode acontecer nesse período é a desnutrição, que provoca sérias consequências para a criança e que pode repercutir tanto na infância quanto na vida adulta.
De forma imediata, a desnutrição pode afetar significativamente o crescimento e a saúde dos bebês. Eles se tornam mais frágeis, têm mais chances de ficar doentes e, apesar de contraditório, essas crianças também apresentam maior risco de desenvolver obesidade ainda na infância. Isso é explicado pelo fato de que o baixo ganho de peso do bebê pode antecipar a ocorrência de um processo chamado adiposidade rebote (o aumento da gordura corporal). Esse processo ocorre, naturalmente, em todas as crianças, por volta dos seis anos de idade, sem causar excesso de peso. Entretanto, nas crianças com baixo ganho de peso, ele pode ocorrer entre os quatro e cinco anos, como forma de compensação. Esse aumento precoce da gordura corporal promove o aumento de peso, podendo levar à obesidade.
Já na vida adulta, os estudos mostram que as consequências a longo prazo da desnutrição podem repercutir na saúde e também no chamado capital humano.
O capital humano pode ser definido como o conjunto de capacidades, conhecimentos, competências e atributos que favorecem a melhoria da condição socioeconômica. Dentre esses atributos podemos citar a altura, a escolaridade e a capacidade de gerar filhos saudáveis. Um adulto que foi desnutrido na infância geralmente apresenta menor altura, menor escolaridade e também filhos com menor peso ao nascimento. Essas condições favorecem que os filhos desses adultos também sofram as mesmas consequências de seus pais, perpetuando o ciclo.
A fotografia acima apresenta a diferença de estatura entre duas crianças da mesma idade. A criança maior apresenta estatura adequada para sua idade. Já a criança menor apresenta baixa estatura, também chamada
de desnutrição crônica. Essa condição representa a soma de todas as dificuldades enfrentadas pela criança durante parte da sua vida, que culminaram no atraso do seu crescimento.
Especialistas afirmam que esta fase da vida, os primeiros 1000 dias, é a Janela de Oportunidade para crianças desnutridas chegarem ao peso e à altura adequados para a idade e crescerem mais saudáveis. A intervenção durante esses dois anos é fundamental para proporcionar às crianças com baixa estatura a recuperação da altura perdida. Após essa idade, a recuperação se torna muito mais difícil, ou seja, a janela se fecha.
Para ilustrar essa situação e chamar a atenção dos visitantes, há uma câmara com perspectiva, que causa a ilusão de ótica de uma pessoa ser muito maior que a outra. Nesse ponto os visitantes podem tirar fotos e se divertir com as simulações, mas com a ideia da importância dos cuidados e atenção que as crianças precisam nos primeiros anos de vida.
Referências:
Victora, CG, de Onis, M, Hallal OC, Blössner,M, Shrimpton R. Worldwide Timing of Growth Faltering: Revisiting Implications for Interventions. Pediatrics 2010;125e473
Zootropos
Ao final da exposição, os visitantes são convidados a conhecer as ações da Pastoral da Criança a favor dos 1000 dias por meio dos chamados “zootropos”. Estes instrumentos são compostos por um tambor circular com pequenos buracos, através dos quais é possível olhar para desenhos dispostos em tiras. Ao girar o tambor, cria-se ilusão de movimento dos desenhos.
É com esse significado de movimento que as ações são apresentadas, representando o dia a dia do líder da Pastoral da Criança.
A Pastoral da Criança age, ativamente, disseminando informações científicas de maneira simples sobre os primeiros 1000 dias de vida. Equipes de coordenadores e líderes comunitários dão orientações às famílias, fazendo acompanhamento das crianças por meio de visitas a suas casas.
Os líderes comunitários orientam as famílias sobre um pré-natal adequado, a dar preferência ao parto normal, a fazer o acompanhamento mensal do bebê no posto de saúde, manter o aleitamento materno, a alimentar as crianças de forma saudável e promover hábitos de higiene. E também compartilham conhecimentos sobre o crescimento e o desenvolvimento das crianças.
Para ajudar nessa missão, a Pastoral da Criança conta com materiais educativos elaborados pelas equipes de coordenação e líderes e que são revisados por professores da área de saúde materno-infantil da Universidade Federal de Pelotas, Universidade de São Paulo, Sociedade Brasileira de Pediatria e Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.
Também desenvolvemos um projeto de Acompanhamento Nutricional voltado a crianças de zero a seis anos para acompanhar a evolução do seu estado nutricional e buscamos influenciar políticas públicas para diminuir os fatores de risco perinatais e favorecer a saúde da criança.
Microscópios
Microscópios do Museu da Vida
Microscópio 1
Descrição do item: trata-se de um protótipo simulador de microscópio o qual contém dois tubos com lentes oculares para visualização. Ao colocar os olhos próximos das lentes, o visitante pode assistir um pequeno vídeo com fotos em sequência da fecundação.
Histórico: Se trata do início da vida. É o momento no qual ocorre o encontro e a união do espermatozóide e do óvulo. Milhares de espermatozóides chegam até o óvulo, mas apenas um consegue fecundá-lo. A partir desse instante um novo ser humano está em formação. O zigoto (óvulo fecundado) caminha pelas trompas e se fixa na parede uterina, processo chamado de nidação. O zigoto agora se chama embrião.
Microscópio 2
Descrição do item: trata-se de um protótipo simulador de microscópio o qual contém dois tubos com lentes oculares para visualização do conteúdo. É possível observar uma sequência de fotos que ilustram as características do feto nas primeiras semanas após a concepção.
Histórico: As fotos apresentam as características do feto no início da gestação.
A primeira retrata foto de cerca de 8 semanas, o qual apresenta tamanho próximo a 1,6cm. A partir dessa fase o embrião é chamado de feto e todos os órgãos, músculos e nervos estão começando a funcionar. Os dedos das mães e dos pés começam a aparecer.
A segunda foto mostra um feto de 9 semanas, com 2,3cm, aproximadamente.
A placenta está quase toda desenvolvida. Nesse período os órgãos genitais começam a se formar e os dedos dos pés e mãos já são bem visíveis.
A última foto representa um feto de 12 semanas, com cerca de 6cm do topo da cabeça ao bumbum e pesa entre 8 e 15 gramas de peso. Começa a ter mais a aparência de um bebê humano. É o período em que se se formam as sinapses no cérebro. Já consegue abrir e fechar as mãos. Ele já se mexe muito, mas ainda não é possível sentir seus movimentos.
Microscópio 3
Descrição do item: trata-se de um protótipo simulador de microscópio o qual contém dois tubos com lentes oculares para visualização do conteúdo. A sequência de fotos apresenta detalhes do bebê no útero, como ele chupando o dedo, o cordão umbilical, os cabelinhos e a posição para nascer.
Histórico: As fotos apresentam as características do bebê na metade e no final da gestação.
A primeira foto mostra um close do bebê e detalhes do rosto e das mãos de um bebê na 23ª terceira semana. É possível ver os olhinhos e boca fechados, o cordão umbilical e os dedinhos das mãos. As unhas já estão formadas. Deve ter cerca de 29cm e pesar 500g. Ele já consegue ouvir sons, por isso éimportante conversar, cantar e colocar música para o bebê. Isso vai acalmá-lo.
A segunda e a terceira foto mostra o bebê chupando o dedo. É uma das atividades preferida dele. É possível ver o perfil, do bebê, com os olhos, nariz e boca bem formados. Agora o bebê está na 28ª semana, mede cerca de 38 cm e pesa mais de 1kg. O bebê abre e fecha os olhos e consegue perceber claridade através da barriga. Alterna períodos acordado, de atividade, e longos períodos de sono. Na terceira foto é possível ver detalhes da bolsa ou saco amniótico. É ele que protege o bebê e mantém o líquido aminiótico ao seu redor.
A quarta foto apresenta um panorama de como é a vida do bebê no útero. É possível ver detalhes da placenta e do cordão umbilical e os cabelinhos do bebê. Está na 36ª semana, pesa mais de 2,5kg e cerca de 46cm. Apesar de estar todo formado, seu cérebro e pulmões ainda precisam amadurecer, só depois disso é que dá início o trabalho de parto. Em breve também mudará de posição para facilitar o nascimento.
A quinta foto retrata o bebê posicionado para o parto, com a cabeça encaixada na pelve da mãe. O espaço ao seu redor é pequeno e é possível ver a placenta e o cordão umbilical. Está na 40ª semana, com cerca de 3,2kg e 50 cm. É nesse período que boa parte dos bebês nascem. Com o amadurecimento do cérebro e dos pulmões, o organismo da mãe recebe um sinal para dar início ao trabalho de parto e logo iniciará as contrações para o nascimento.
Jogo Refeição em Família
Para saber mais sobre o jogo Refeição em Família acesse o site da exposição 1000 Dias do Museu da Vida.
A Pastoral da Criança tem a missão de levar vida em abundância a todas as crianças.