Mais de 70 pessoas – entre familiares, amigos e representantes do Grupo Bom Jesus – estiveram reunidas, no final da tarde deste sábado (21 de março), para homenagear o centenário de nascimento do Frei João Crisóstomo Arns. O evento, que teve palestra com diversos depoimentos e uma celebração eucarística, foi realizado no Museu da Vida, no espaço que abriga a exposição Pastoral da Criança em Ação.
Felippe Arns, um dos 12 irmãos do Frei, fez a abertura da homenagem, trazendo aos presentes algumas lembranças familiares e profissionais, como por exemplo a campanha para arrecadação de tijolos para construção do prédio que abriga o Complexo Bom Jesus e a idealização da Aldeia, em Rondinha, a 15Km de Curitiba. “Para construir o Bom Jesus naquela época, foi um grande visionário. Por tudo o que construiu e doou, Frei Crisóstomo merece o título de Arquiteto de Deus”. Felippe destacou também as qualidades artísticas ligadas à música e à escrita: “Mesmo exercendo diversas funções, como professor e educador, não deixou de ser um poeta”.
Laços familiares
“Não podemos pensar no Frei Crisóstomo sem lembrar de Gabriel e Helena”, disse Bernt Entschev logo no início de sua palestra, resgatando a história dos pais de Heriberto Arns, que ao longo da vida viria a ser chamado de Frei João Crisóstomo. Bernt apresentou ainda a origem do nome Crisóstomo, lembrando o arcebispo de Constantinopla que ficou conhecido pela opção pelos pobres, por denunciar políticos e autoridades eclesiásticas e famoso como o maior pregador cristão de todos os tempos (“Boca de Ouro”).
Em sua fala, o palestrante também contou sobre a vinda de sua família da Alemanha para o Brasil e como sua mãe conseguiu bolsa de estudos no Bom Jesus para ele e seu irmão. “Conheci o Frei em 1953, ainda criança, e fui influenciado por um conjunto de situações e valores que trago até hoje”. Seu pai chegou a trabalhar na Construtora Marna, de Felippe Arns, onde ganhou experiência profissional para posteriormente abrir um negócio próprio.
Entre as lembranças mais marcantes do tempo de escola de Bernt, estavam: a percepção de uma liderança coerente e compartilhada; a forte preferência pelos excluídos; e a voz impactante, “mistura entre tenor e barítono, que transmitia segurança, convicção, autoridade e determinação”, descreveu.
10 hábitos de uma família de sucesso
Destacando a união da família Arns, Bernt Entschev compartilhou ainda uma lista com os 10 hábitos de uma família de sucesso:
-
O alicerce é a religião ou a fé no mesmo ente;
-
O amor é expressão de cada dia, todos os dias;
-
As refeições são coletivas;
-
O tempo para atividades “juntos” é prioridade;
-
Todos, sem exceção, são tratados com respeito;
-
Os membros riem juntos;
-
Os integrantes sabem lidar com adversidades;
-
Todos participam das tarefas domésticas;
-
O dinheiro é gerido sabiamente e discutido abertamente;
-
As crianças são disciplinadas com amor e coerência.
Vocação para a paz
Flávio Arns e sua esposa Denise lembraram do olhar carinhoso do Frei Crisóstomo ao abrir as portas também para as crianças portadoras de necessidades especiais. “O colégio, junto a esse atendimento especial às crianças que precisavam, se tornou ainda mais humano”, observou Flávio. “Em nossa escola, nasce todos os dias a vocação do homem para a paz”, o frade costumava dizer, conforme Denise lembrou.
Flávio Arns ressaltou a continuidade desta obra, que inclui escola e faculdade, e é um projeto que contou e ainda conta com a participação de muitas mãos ao longo desses 30 anos. “Muita gente dá o melhor de si para que tantas pessoas recebam o melhor”, afirmou.
“Como admirador e aluno do Bom Jesus que fui, minha mensagem para o Frei e para a família Arns é que persistam nesta missão de educar e trazer amor a todas as pessoas de nossa comunidade”, disse um ex-aluno.
Vocação franciscana
Frei Nelson José Hillesheim (reitor da FAE Centro Universitário e diretor geral da FAE - São José dos Pinhais) parabenizou os familiares do Frei Crisóstomo por se reunirem “em momentos significativos como este, para recordar e atualizar as virtudes que continuam como referencial para a família”. Afirmou ainda que o homenageado “foi um grande colaborador e referencial não apenas para sua família e para o Grupo Bom Jesus, mas também de frade para a nossa província. Soube testemunhar a abraçar verdadeiramente a vocação franciscana”.
Fé e trabalho
O sobrinho neto Marlus Heriberto Arns de Oliveira recordou com bom humor o momento de seu batizado, feito pelo “Tio Frei”. “Ele disse que não podia me batizar só com Marlus porque não era nome de santo. Então, na pia batismal, ganhei o nome de Marlus Heriberto”.
Outra lembrança do sobrinho diz respeito a uma missa que aconteceu na casa da Dra. Zilda Arns, em que o tio mais velho pediu para que cada irmão descrevesse sua família em duas palavras. “Quase todos falaram: fé e trabalho. E nós nos esforçamos para continuar isso”.
Exposição temporária
Em comemoração a este centenário, a equipe do Museu da Vida organizou uma exposição temporária com fotos e livros do Frei Crisóstomo, incluindo parte do acervo do Bom Jesus. Esse material fica em exposição até o dia 29 de março, no horário normal de funcionamento do Museu (das 8h às 19h).
Fotos: Thiago Andrey – Pastoral da Comunicação – Arquidiocese de Curitiba